Big Boy – Hello Crazy People
Big Boy, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte, era carioca e foi o mais importante disc jockey de sua época, responsável por uma verdadeira revolução no rádio brasileiro.
Todo mundo que gosta de música alternativa deve um pouco a ele. Jornalista, DJ, apresentador de TV, produtor cultural e professor geografia, Big Boy foi uma das grandes figuras da cultura pop brasileira nas décadas de 1960 e 1970, responsável por lançar nas ondas da Rádio Mundial o que de melhor havia em matéria de pop, rock, soul e funk.
Como locutor, introduziu uma linguagem jovem, mais próxima do público que o ouvia. Seu “hello crazy people!”, a maneira irreverente como saudava os ouvintes, tornou-se marca registrada de um estilo próprio, diferente da voz impostada dos locutores de então. Como programador, demonstrou extrema sensibilidade observando as tendências musicais ao redor do mundo e inovando a partir de ideias que modificariam todo um sistema de programação estabelecido.
Ainda adolescente, iniciou uma coleção de música que chegou a 20 mil discos. Começou a trabalhar na Rádio Tamoio do Rio de Janeiro, depois foi convidado para participar da reformulação da Rádio Mundial, que se tornaria a de maior audiência entre o público jovem. Ele complementava as músicas que tocava com informações “quentes” sobre o mundo do disco, sem perder o jeito de fã, o que o aproximava ainda mais dos ouvintes.
Além de manter dois programas diários na Rádio Mundial, um na Rádio Excelsior de São Paulo e um semanal especializado em Beatles, o Cavern Club, atuava como programador, colunista em diversos jornais e revistas. Na televisão, inovou em sua participação diária no Jornal Hoje da TV Globo, exibindo pela primeira vez clips com sucessos do momento.
Em diversas viagens a outros países apurou seu acervo, buscando raridades que abrangiam diversos gêneros, sua discoteca constitui-se num acervo cultural importantíssimo, pois retrata vários períodos do cenário discográfico mundial.
Em 1967, ele foi a Londres para tentar uma entrevista com os Beatles. Passou quatro dias em frente ao escritório da Apple (EMI) enfrentando um gélido inverno. No último dia, esbarrou com Paul McCartney, que não lhe concedeu entrevista, mas o colocou no seleto grupo de jornalistas que faziam parte do mailing da gravadora – numa outra ocasião ele lhe apresentaria sua nova namorada, Linda Eastman. Big Boy foi uma das primeiras pessoas no mundo a receber uma cópia de Sgt. Pepper’s antes do lançamento oficial do álbum, e fez questão de dividir a honra com seus ouvintes, tocando o disco na íntegra em seu programa.
Como se não bastasse, também foi o primeiro DJ a executar num programa de rádio a música Let It Be, dos mesmos Beatles. Conseguiu, através de um amigo, adentrar num dos estúdios onde ensaiavam, e com um mini-gravador escondido registrou o pré-lançamento. Foi descoberto, mas conseguiu fugir do local, trazendo consigo a fita que exibiu num de seus programas.
Foi ele que introduziu rock progressivo e música eletrônica nas ondas do rádio quando dirigiu a programação da Eldo Pop, em 1971. Como a emissora não tinha locutores, o radialista tinha anonimato e carta branca para tocar o que quisesse. Aproveitou a oportunidade para colocar no dial brazuca todos os sons “difíceis” e experimentais que não podia tocar na Mundial. Essa categoria incluía rock progressivo, jazz, música francesa, hard rock, blues e os principais nomes da então nascente cena de música eletrônica alemã, como Kraftwerk e Tangerine Dream.
Também apresentou o “papa do soul” James Brown ao Brasil, daí saiu uma amizade que lhe garantiria umas exclusividades de novos lançamentos. Criou os famosos “bailes da pesada”, que comandava ao lado do “bróder” Ademir Barbosa na Zona Norte do Rio de Janeiro e lançou quatro LPs até hoje disputados nos sebos: Baile da Pesada (1970), Big Baile (1971), Baile da Cueca (1972) e The Big Boy Show (1974).
Na estreia da versão brasileira da famosa revista americana Rolling Stone não deu rockstar nenhum: foi o DJ Big Boy o primeiro a estampar sua capa, em fevereiro de 1972.
O radialista multimídia morreu em 1977, aos 33 anos, vítima de infarto proveniente de uma asma. Parte de seu acervo está disponível na web, para deguste de veteranos e neófitos, na página Big Boy Rides Again, no Facebook.
A fanpage é mantida pela professora Lúcia Duarte e pelo DJ Leandro Petersen, ex-mulher e filho de Big Boy, respectivamente. Lá estão vinhetas de seus programas de rádio, trechos de entrevistas (com Mick Jagger, por exemplo) e textos escritos em O Globo, na Rolling Stone brasileira, entre outros jornais e revistas. Constam também registros fotográficos ao lado de estrelas como James Brown, Stevie Wonder, Paul Simon e Rick Wakeman.
E agora que você já conhece a lenda, ouça algumas músicas na nossa playlist no Spotify: http://bit.ly/BigBoy70
Pra saber mais sobre o Big Boy, olha só essa seleção de músicas no Youtube: http://bit.ly/BigBoyShow
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