JORGE BEN (JOR)

Por: Angelo Campos

Jorge Duílio Lima Menezes (Rio de Janeiro, 22 de março de 1945) é um cantor e compositor que possui uma estilo musical que explora diversas vertentes: rock and roll, samba, bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop. Seus sambas são tortos, impuros, exuberantes, miscigenados, por incorporar elementos novos no suíngue e na maneira de tocar violão – além das influências oriundas de sua mãe Silvia Saint Ben Lima, filha de etíopes.

O devoto de São Jorge queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto juvenil do Flamengo, mas escolheu o caminho da música, presente em sua casa desde que era criança. Aos dezoito, ganhou um violão e começou a tocar em festas e boates.

Apresentava-se no Beco das Garrafas, reduto da bossa nova, onde foi visto por um produtor da Philips que o chamou para gravar. Logo saiu o primeiro compacto com Mas que Nada e Por Causa de Você, Menina, em 1963. No mesmo ano lançou o primeiro LP, Samba Esquema Novo, acompanhado pelo conjunto de samba jazz Meirelles e os Copa 5.

Mas que Nada foi seu primeiro grande sucesso e também é uma das canções em língua portuguesa mais executadas nos Estados Unidos, na versão do pianista brasileiro Sergio Mendes com o grupo Black Eyed Peas. Foi regravada por artistas como Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie, Al Jarreau, Herb Alpert, José Feliciano, Trini Lopez e Coldplay (no festival Rock in Rio 2011).

Seu ritmo híbrido lhe trouxe alguns problemas no início, fase em que a música brasileira estava dividida entre a onda jovem e a MPB, de letras engajadas. Época dos musicais de TV, quando participou tanto de O Fino da Bossa (comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues) quanto do Jovem Guarda de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa, e mais adiante do Divino Maravilhoso dos tropicalistas Caetano e Gil.

Em 1969, lançou seu 6º LP: moderno, transgressor, cheio de apelo pop, e traz uma grande quantidade de sucessos marcantes de sua carreira. Aqui estão Crioula, Tereza, Que Pena, País Tropical, Charles Anjo 45, Bebete Vãobora e Take It Easy My Brother Charles. No comando dos arranjos estavam os “monstros” Rogério Duprat e José Briamonte – que seriam considerados gênios se nascessem nos USA ou Inglaterra.

Em 1972 o cantor fez temporadas na Itália, Portugal e Japão, onde gravou um LP ao vivo. Venceu o Festival Internacional da Canção, da TV Globo, com Fio Maravilha, interpretado por Maria Alcina. Fio, ídolo do Flamengo, estranhamente entrou com um processo para que seu nome fosse retirado da música, então ficou a adaptação Filho Maravilha – décadas mais tarde, Fio (que fez carreira nos EUA) pediu desculpas a Ben, afirmando que foi coisa de seu advogado.

Suas musas inspiradoras estão menos para garotas de Ipanema e mais para meninas do subúrbio, negras, louras, morenas e mulatas de nomes Domingas, Tereza, Jesualda, Aparecida, Bebete, Berenice, Katarina, Ana Tropicana, Xica da Silva… aliás todas existem ou existiram.

A obra de Jorge Ben sempre teve alguma influência literária, e Dostoiévski foi sua primeira leitura “mais cabeça”, delirava com sonetos de Shakespeare e obras de Oswald de Andrade. Estudou alquimia, de Paracelso a São Tomás de Aquino, que ele aprendeu em latim no seminário. Nessa fase, saíram seus álbuns mais esotéricos e experimentais como A Tábua de Esmeralda (1974), Solta o Pavão (1975) e África Brasil (1976), considerados verdadeiros clássicos – o que não impediu que Tábua fosse quebrado no Programa Flávio Cavalcanti.

A música Da Ya Think I’m Sexy, de Rod Stewart, lançada em 1979, e que tornou-se hit no mundo inteiro, trazia um refrão igual ao “teteteretê” de Taj Mahal, que havia sido lançada por Jorge originalmente em 1972 no álbum Ben. Stewart preferiu negociar diretamente com a editora em vez de enfrentar os tribunais.

Em 1989, ele mudou o nome artístico de Jorge Ben para Jorge Ben Jor. Sua música tornou-se mais pop, e lançou W/Brasil (Chama o Síndico), que virou uma verdadeira febre. Ela foi feita atendendo a um pedido de Washington Olivetto, proprietário da agência de propaganda W/Brasil, além de ser uma homenagem ao amigo Tim Maia.

Em 1997, lançou Músicas Para Tocar em Elevador, com participações de Carlinhos Brown, Paralamas do Sucesso e Fernanda Abreu, entre outros. Em 2004, ele produziu Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum), primeiro álbum com canções inéditas desde 1995, e fez uma participação especial no DVD 1000 Trutas, 1000 Tretas, de 2006, do grupo de rap Racionais MC’s.

Seus shows, que não têm roteiro, costumam durar cerca de três horas, para plateias formadas principalmente por jovens. Em junho de 2017, na turnê do projeto Nivea Viva Jorge Ben Jor, ele repassou os mais de 50 anos de carreira ao lado de Skank e da cantora Céu, acompanhados pela lendária Banda do Zé Pretinho.

Desde 2000 suas apresentações nos Estados Unidos (onde viveu alguns anos com os filhos) vêm conquistando uma grande parcela do público, e seus discos continuam sendo relançados em inúmeras coleções em todo o mundo.

Agora é só curtir a playlist especial que criamos no Spotify, clicando aqui.



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