O Rappa
Enquanto lê o post abaixo, curta alguns sucessos da banda O Rappa clicando aqui.
O Rappa é uma banda carioca conhecida por suas letras de forte impacto social; embora fossem de início reggae e rock, o grupo incorporou elementos de samba, funk, hip-hop, rap, sampler e mpb.
Em 1993, com a vinda do cantor jamaicano Papa Winnie ao Brasil, foi montada uma banda para acompanhá-lo em suas apresentações. Formada por Nelson Meirelles, na época produtor do Cidade Negra e de vários programas de rádios alternativas; Marcelo Lobato, que era da banda África Gumbe; Alexandre Menezes, o Xandão, que tocava com grupos africanos em Paris e Marcelo Yuka, do grupo de reggae KMD-5. Após essa série de apresentações, os quatro resolveram continuar juntos e colocaram anúncio no jornal para encontrar um vocalista, e Marcelo Falcão foi escolhido com louvor.
O nome do grupo vem da designação popular dada aos fiscais que interceptam camelôs, os rapas. Um exemplo do uso da palavra pode ser encontrado na música Óia o rapa! na composição de Lenine e Sérgio Natureza, gravada pela banda no álbum Rappa Mundi.
Em 1994, lançaram seu primeiro disco, que não obteve muito sucesso e foi o único com a presença de Nelson Meirelles – com sua saída, Lauro Farias, que tocava com Yuka no KMD-5, assumiu o contrabaixo.
Em 1996, foi lançado Rappa Mundi, o 2º disco veio com todos os ingredientes necessários para colocar a banda na lista das mais tocadas e vendidas do país. Produzido pelo “mestre” Liminha (ex-Mutantes e produtor dos Titãs) o álbum veio recheado de letras ácidas e muito suingue. Quase todas as músicas foram sucesso, entre elasPescador de Ilusões, A Feira, Miséria S.A., Ilê Ayê, O Homem Bomba, a regravação de Vapor Barato – sucesso de Jards Macalé e Waly Salomão na voz de Gal Costa – e a versão nacional para o sucesso de Jimi Hendrix, Hey Joe.
A banda atuou junto ao grupo AfroReggae, no projeto Na Palma da Mão, com apoio de algumas ONGs, com fundos repassados a projetos ligados a jovens carentes, com programas educacionais, da alfabetização à conquista dos direitos individuais.
Atitude não é algo que se fabrica, a postura sincera que cativa o público não é coisa de publicidade – e essa é uma virtude que sempre caracterizou O Rappa. Suas apresentações em pequenos lugares ou numa grande casa de show, sempre foram emocionantes e envolventes, levando os fãs a se sentirem parte de uma mesma família (“Família é quem você escolhe pra viver / Família é quem você escolhe pra você / Não precisa ter conta sanguínea / É preciso ter sempre um pouco mais de sintonia”, diz a letra de Não Perca as Crianças de Vista).
Depois de três anos sem um álbum novo, em 1999 vem a público Lado B Lado A. Com letras “mais fortes”, mostra o amadurecimento da banda e revela Yuka como letrista de alto nível em músicas como Minha Alma (a paz que eu não quero) e O que Sobrou do Céu, além de Tribunal de Rua. Os videoclipes das duas primeiras foram premiadíssimos.
A banda causou indignação entre diversos grupos no Rock in Rio, foram escalados para abrir a noite de alguns artistas americanos, e não concordaram com essa atitute recorrente da organização em relação às bandas nacionais. Foram retaliados com exclusão, e cinco bandas brasileiras saíram do festival em protesto (Skank, Raimundos, Jota Quest, Cidade Negra e Charlie Brown Jr.).
Em 2001, o baterista Marcelo Yuka foi vítima direta da violência urbana, ao ser baleado durante tentativa de assalto, ficando paraplégico e assim impossibilitado de tocar bateria. Lobato assumiu o instrumento, deixando para seu irmão Marcos Lobato os teclados – mas que não entrou oficialmente para a banda.
Mesmo debilitado, o baterista voltou ao grupo e lançaram o disco Instinto Coletivo. Logo depois ele sairia, alegando ter sido expulso por não concordar com o novo rumo que a banda vinha seguindo, e fundou outro grupo, F.ur.t.o (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), que faz parte de um projeto social homônimo.
O primeiro disco sem Yuka foi O Silêncio Q Precede o Esporro (com letras de Falcão), lançado em 2003, com diversas canções de sucesso como Reza Vela, Rodo Cotidiano e O Salto.
Em 2005, a banda fez o especial Acústico MTV com participação de Maria Rita – que havia regravado A Minha Alma – e Siba (do Mestre Ambrósio) na rabeca em algumas canções. Em 2008, lançaram o álbum 7 Vezes, e a faixa Monstro Invisível chegou às rádios com muito sucesso.
Em 2013, saiu o novo disco Nunca Tem Fim… (também em duplo vinil), com músicas como Anjos (Pra Quem Tem Fé) e Auto-reverse, com o qual ganharam Disco de Ouro. Eles excursionam pela Europa quase todo ano e já venderam mais de 5 milhões de cópias de seus trabalhos em todo o mundo.
Em 2014, Marcelo Yuka lançou sua autobiografia com algumas farpas dirigidas aos antigos colegas, mas disse que só falou porque faz parte da sua história. Hoje ele os ignora.
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