Olodum

Enquanto lê o post abaixo, ouça os grandes sucessos do Olodum clicando aqui.

O Olodum é um bloco afro fundado em 25 de abril de 1979, em Salvador/BA, como opção de lazer dos moradores do Maciel-Pelourinho. Também é uma ONG do movimento negro brasileiro, que desenvolve ações de combate à discriminação social e estímulo à autoestima dos afro-brasileiros.

Até os anos 1970, os grandes blocos do carnaval da Bahia eram compostos majoritariamente por brancos – a exceção ficava por conta do afoxé Filhos de Gandhy, criado por estivadores portuários de Salvador, em 1949. Para garantir a festa da população negra e enfrentar o racismo, em 1974, foi criado o Ilê Aiyê. Depois, outras comunidades produziram seus blocos, como o Malê Debalê (1979) e o Muzenza (1981), compostos majoritariamente por moradores dos locais em que surgiram.

Àquela época, o Pelourinho – referência à coluna de pedra instalada naquela região da cidade, que servira no passado ao castigo reservado a negros escravizados – havia perdido centralidade na economia da capital e, até os anos 1980, permaneceu estigmatizado como espaço de “marginais” – seus sobrados eram ocupados por famílias pobres e prostitutas.

VINIL DA SEMANA OLODUM PREFÁCIO

Os negros da Bahia fizeram da religiosidade e da música expressões de resistência, e o Olodum reuniu esses elementos em um projeto cultural e político contra o preconceito. Nos primeiros carnavais, foram muito criticados porque falavam do Egito. Não se entendia que o Egito é parte da África. E eles mostraram que Madagascar e Etiópia – países que produziram conhecimentos fundamentais, como a ciência e o alfabeto – também são África.

A bandeira da Etiópia (cultuada pelos jamaicanos) influenciou as cores pan-africanas, que por sua vez, deram origem às cores do Olodum. O símbolo hippie da paz, por sua vez, compõe o logotipo do grupo.

O primeiro LP da banda criada a partir do bloco, Egito, Madagascar, foi gravado em 1987 e alcançou sucesso em todo o Brasil com a música Faraó. Pouco depois, o Olodum passou a ser conhecido internacionalmente como grupo de percussão afro-brasileira e excursionou por muitos países da Europa, Japão e quase toda a América do Sul.

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Um dos momentos de maior exposição se deu em 1990, quando seus integrantes foram convidados a participar da faixa The Obvious Child, do disco The Rhythm of the Saints, de Paul Simon, cujo videoclipe foi gravado no Pelourinho e exibido em mais de cem países. Depois disso, o grupo gravou com outros músicos consagrados como Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Wayne Shorter, Herbie Hancock, Ziggy Marley, Alpha Blondy, Yossur Noddour e Jimmy Cliff – que por muitos anos viveu em Salvador, onde nasceu sua filha Nabiyah Bashir.

Em 1996, o cantor pop Michael Jackson gravou junto com o Olodum a canção They Don’t Care About Us. Um clipe foi filmado pelo cineasta Spike Lee na Favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, e no Pelourinho. A partir daí, estava consolidada a fama mundial do grupo.

Ainda em 1996, o Olodum participou do álbum Roots, da banda de heavy metal mineira Sepultura. Já em 2013, fez um show no palco Sunset do Rock in Rio, a convite da cantora, compositora e instrumentista neozelandesa Kimbra. No ano seguinte, participou da gravação da música oficial e da abertura da Copa do Mundo de 2014, ao lado do rapper Pitbull e das cantoras Jennifer Lopez e Claudia Leitte.

Entre CDs e LPs, o grupo possui no currículo 25 álbuns gravados, a maioria deles no exterior, e já ultrapassou cinco milhões de cópias vendidas. Germano Meneghel (falecido em 2001) foi um dos principais compositores da banda, autor de Avisa Lá, Vem, Meu Amor e Alegria Geral. Neguinho do Samba e Mestre Jackson foram regentes da banda e responsáveis pela criação do ritmo samba-reggae, que deu ao grupo alguns de seus maiores sucessos, como o refrão Olodum tá hippie, Olodum tá pop / Olodum tá reggae, Olodum tá rock / Olodum pirou de vez. O presidente do Olodum é o advogado e mestre em Direito Público, João Jorge Rodrigues.

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Marcado pela presença intensa de uma percussão composta por tambores de diferentes tipos, tocados por cerca de 200 músicos, o samba-reggae mostrou tanta potencialidade que foi apropriado pelos blocos de trio elétrico. Nos anos 1990, bandas que mais tarde produziriam o que viria a ser chamado Axé Music incluíram instrumentos harmônicos, como a guitarra, e diminuíram a quantidade de percussionistas para que o ritmo não ficasse restrito aos trios, mas ocupasse as rádios e as prateleiras das lojas de discos.

Desde 1984, a Escola Olodum é um espaço de participação e expressão da comunidade afrodescendente, que se tornou referência pelo projeto inovador que envolve arte, educação e pluralidade cultural. Esse trabalho teve origem no projeto Rufar dos Tambores, composto de aulas gratuitas de percussão.

Tendo como critério de seleção a matrícula dos estudantes na rede municipal ou estadual de ensino, a escola se propõe a muito mais do que ensinar o toque do tambor. As atividades têm o objetivo de estimular o despertar da cidadania étnico-cultural das crianças e adolescentes atendidos. Além de terem acesso à música, eles também participam de seminários, oficinas de dança afro e de canto coral, além de aulas de informática.

Outro projeto iniciado em 1990, o Bando de Teatro Olodum, encenou contos e histórias africanas e projetou atores como Lázaro Ramos, Tânia Tôko e Jorge Washington Rodrigues, que participaram da montagem teatral e do filme Ó Pai, Ó, que virou série de televisão.

Dos artistas de expressão nacional que trabalham temas e sonoridades irmãs do Olodum destacam-se o Ara Ketu, Timbalada (dirigida por Carlinhos Brown) e Margareth Menezes, principalmente.



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