RITA LEE – DIA MUNDIAL DO ROCK 2018

A cantora e compositora Rita Lee nasceu em São Paulo no dia 31 de dezembro de 1947, “sob o signo de Capricórnio, ascendente em Aquário e lua em Virgem”, e é filha caçula do norte-americano Charles Fenley Jones e de Romilda Padula.

Durante a infância, teve aulas de piano com a musicista clássica Magdalena Tagliaferro, não pensava em ser cantora e sim atriz ou veterinária. Suas primeiras influências musicais foram Elvis Presley, Paul Anka, Beatles e Rolling Stones, mas também escutava música brasileira como Cauby Peixoto, Ângela Maria, João Gilberto, Carmen Miranda e Maysa.

Em 1963, aliou-se a duas colegas para formar o Teenage Singers, que participava de shows e festas colegiais. Depois se juntaram a um trio masculino, nascendo daí o Six Sided Rockers, que logo se tornariam O’Seis. Sobraram Rita e os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, e passaram a se chamar Os Bruxos, mas por sugestão do cantor Ronnie Von – que os levou para seu programa de TV –, o grupo se definiu como Os Mutantes.

Eles arrombaram a porta da MPB e viraram tudo de cabeça pra baixo, misturaram rock psicodélico (a onda mais inovadora da época) com letras ácidas e irônicas. O público e parte da crítica não entenderam muito bem a mistura das guitarras elétricas dos Mutantes com o violão de Gilberto Gil e a orquestra regida por Rogério Duprat nos festivais da época. Era a Tropicália dando seus primeiros passos e recebendo as primeiras vaias. Irreverentes e competentes, foram esculachados por críticos tradicionalistas que os acusaram de se vender a uma estética estrangeira, no entanto receberam elogios de músicos eruditos.

Rita começou a ser reconhecida em público no princípio dos anos 1970, quando a empresa textil Rhodia lançou uma coleção de roupas que era tendência na Europa (paysan), com motivos inspirados no campo. A empresa contratou a dupla caipira Tonico e Tinoco para a campanha, mas precisava apresentar algo de jovem e novo, para isso escolheu Rita Lee, que tinha cara de europeia e americana. A coleção correu várias feiras de moda pelo país e recebeu o bem-humorado nome de Nhô Look.

André Midani e a gravadora Philips/Polygram arquitetaram para que aquela menina moderna se tornasse uma cantora de sucesso. Então lançaram o álbum Build Up, depois veio Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida, um verdadeiro disco dos Mutantes que a gravadora decidiu que seria só de Rita. Depois ela foi desligada do grupo, mais por desentendimento com Arnaldo – com quem era casada – do que pela linha progressiva que a banda começou a explorar.

Então ela formou, com Lúcia Turnbull, a dupla Cilibrinas do Eden. Em seguida, juntou um bando de roqueiros para criar o grupo Tutti Frutti (Luiz Sérgio Carlini, Lee Marcucci, Franklin Paolillo e Guilherme Bueno) e lançou o álbum Atrás do Porto Tem uma Cidade, na esteira veio Fruto Proibido, um clássico. Dentre os principais sucessos do disco estão Esse Tal de Roque Enrow (parceria com o futuro escritor Paulo Coelho), Agora só Falta Você e Ovelha Negra – onde Carlini criou provavelmente o melhor riff de guitarra do rock brasileiro.

Tanto Rita Lee como Gilberto Gil tinham sido presos por porte de drogas em 1976. No ano seguinte, decidiram fazer juntos uma série de espetáculos de nome Refestança, para relançarem as suas carreiras. O show contava com uma apresentação dos dois cantando É Proibido Fumar, sucesso de Roberto e Erasmo Carlos, que ganhou outras conotações devido ao conturbado ano anterior.

Ao lado do Tutti Frutti, Rita Lee ainda gravou Entradas e Bandeiras e Babilônia, que traz Miss Brasil 2000 e Jardins da Babilônia. Em 1978 a banda se desfez, e Rita, finalmente, se transformaria numa cantora solo de verdade. Em termos, pois quem entrou em cena foi o seu marido Roberto de Carvalho. Ela tomou um caminho mais puxado para baladas pop (Mania de Você, Doce Vampiro) e disco music, representada por canções como Chega Mais, Corre-Corre e Arrombou a Festa Nº 2.

Seu novo álbum intitulado Rita Lee era uma verdadeira coletânea de sucessos. Vendeu mais do que água no deserto, e os sucessos Lança Perfume, Bem-me-quer, Baila Comigo, Caso Sério e Nem Luxo, Nem Lixo tocaram nas rádios até ninguém aguentar mais. Lança Perfume estacionou por 2 meses em 1º lugar nas paradas de sucesso da França e foi lançado com grande êxito em vários países da Europa e América Latina. Até o Príncipe Charles da Inglaterra se passou por excêntrico ao dizer que sua cantora favorita era Rita Lee.

Nessa fase, sua música habitava diversas novelas da Rede Globo, e ela começou a ser criticada por ter deixado de lado sua sonoridade original. Mas a cantora não se importou. Ganhou um público imenso (inclusive crianças), vendeu muito e criou algumas das canções mais saborosas do pop brasileiro.

Em 1995, durante a turnê do álbum A Marca da Zorra, Rita Lee abriu o show dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, sofreu uma queda da varanda de seu sítio, esfacelando seu maxilar e tendo que passar por uma cirurgia para colocação de pinos de titânio. Em 1998, lançou seu Acústico MTV que foi um grande sucesso.

Nos anos 1990, os Mutantes seriam redescobertos lá fora, tornando-se referência pra muitas bandas e artistas, com direito a lançamento de um disco de 1970, gravado na França e abortado na época (Tecnicolor). Foram convidados para participar de uma homenagem à Tropicália (em 2006), fazendo um show em Londres e estendendo para uma turnê americana. Rita não quis participar, argumentando que era um projeto caça-níqueis, talvez por ainda guardar mágoa de sua saída da banda – só que os Mutantes voltaram a pedidos de fãs pelo mundo inteiro que tinham esperança de vê-los um dia. Zélia Duncan substituiu Rita, mas só depois de pedir permissão à amiga.

Oficialmente, a última apresentação de Rita foi em janeiro de 2012, no Festival de Verão de Sergipe, que terminou em polêmica quando a cantora se revoltou com uma ação policial agressiva com o público. Acusada de desacato à autoridade, ela foi encaminhada à delegacia para prestar depoimento.

Em 2016, chegou às lojas o aguardado Box com 20 cds de sua carreira e um CD com raridades. Saiu também seu novo livro, Rita Lee: uma Autobiografia. Por causa dele, ela foi agraciada pela APCA como melhor autora do ano, e recebeu também o Grande Prêmio da Crítica pelos serviços prestados à música.

Agora é só curtir a playlist especial que criamos no Spotify, clicando aqui.



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