Toninho Horta

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Antônio Maurício Horta de Melo é um cantor, compositor, arranjador, produtor musical e guitarrista, nascido em 2 de dezembro de 1948 no tradicional bairro Floresta, em Belo Horizonte.

Sua família toda tem um histórico musical, com um avô maestro e compositor (João Horta), mãe bandolinista, um pai que tocava violão e um irmão, Paulo, contrabaixista profissional. Várias vezes a mãe, dona Geralda, tinha de tirar Toninho de baixo da cama, quando ela colocava discos de Debussy, Tchaikovsky ou Schubert na vitrola e o menino se escondia para que não o vissem chorar. Desde os seis anos já sofria uma influência viral da música.
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Toninho compôs sua primeira canção aos 13 anos com a irmã Gilda Horta – cantora e produtora –, e três anos depois uma parceria dos dois, Flor que Cheira Saudade, foi gravada pelo cantor Márcio José. Em 1967 e em 1969 participou do Festival Internacional da Canção.

“Minha música reflete um pouco a liberdade de ritmo, de estilos, eu posso fazer tanto bossa nova quanto a coisa mais puxada para o pop rock ou hip-hop ou jazz. Fiz um disco de forró com a Elba Ramalho, o Dominguinhos, toquei com Jackson do Pandeiro. Minhas influências foram tudo o que eu toquei em baile com o meu irmão Paulo – rumba, maxixe, samba, Jorge Ben”, diz Toninho.

Ele morava no mesmo prédio que o Beto Guedes, na rua Tupis. O Beto sempre encontrava com o Lô Borges, aí Toninho comentava: “Ih, lá vêm aqueles roqueiros”. E os dois olhavam pro Toninho com o violão e falavam: “Ih, aquele cara do jazz e da bossa nova”. Mas acabou que se encontraram num festival, em 1969, aí todo mundo virou amigo.

Com o saxofonista Nivaldo Ornelas fez sua estreia no estúdio em 1969 e tocou com Milton Nascimento pela primeira vez. Transferiu-se para o Rio de Janeiro no início dos anos 1970, quando passou integrar o grupo A Tribo, juntamente com Nelson Angelo, Novelli, Naná Vasconcelos e a cantora Joyce – a primeira “estrangeira” a gravar uma música sua. Nessa mesma época passou a tocar com Elis Regina.

Nas gravações do álbum duplo Clube da Esquina, de Milton e Lô Borges (em 1972) houve um revezamento natural entre os músicos que resultou numa coisa única: cada uma das 20 músicas do disco tem uma cor diferente. Quando faltava um instrumentista, Beto Guedes pegava na bateria e Toninho Horta no baixo para colaborar (quem chegava primeiro escolhia um instrumento), daí criaram uma sonoridade singular que até hoje é venerada nos quatro cantos do mundo.

Com o seu trabalho já reconhecido nacionalmente, Toninho passou a integrar as bandas de Edu Lobo, Gal Costa, Maria Bethânia e Nana Caymmi, no instante em que sua música era percebida por músicos estrangeiros – como o conceituado guitarrista americano Pat Metheny, que sofreu influência do mineiro. Outro grande fã foi Tom Jobim, que gravou composição sua, e Toninho retribuiu gravando um álbum só com músicas do maestro, em 1998: From Ton to Tom, numa produção japonesa.

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Em 1973, ele gravou o álbum Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta e um ano depois integrou junto com Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Luiz Alves e Robertinho Silva, o grupo Som Imaginário. Em 1976, Toninho Horta e os Estados Unidos se descobrem: grava Promises of the Sun de Milton Nascimento, e em seguida participa da gravação de um álbum da premiada cantora brasileira Flora Purim.

Classificado como o 5º melhor guitarrista do mundo pela revista britânica Melody Maker, em 1977, Toninho solidificou sua carreira no exterior. Mas, só em 1980 que lançou seu primeiro trabalho solo, Terra dos Pássaros.

Toninho Horta e Fernando Brant fizeram Manuel o Audaz em homenagem a Manuelzão, personagem de Guimarães Rosa. Só que o Audaz, no caso, era um jipe Land Rover de 1951 que enfrentava os sertões de Minas e levava a turma do Clube para todos os lados. A música foi registrada em seu segundo disco, Toninho Horta.

Em 1989, com Diamond Land, o guitarrista finalmente toma o mercado norte-americano, mudando-se para Nova York. Lançou Foot on the Road (Pé na Estrada) em 1994, depois fez uma turnê pelo Brasil.

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O Mercadinho Aqui-Ó, do Sr. Prudente, pai de Toninho (no bairro Horto), era um lugar onde se vendia arroz, batata, ração de passarinhos e aguardente. Depois virou Bar-Restaurante e Espaço Cultural, cujos anfitriões eram toda a família Horta, com uma programação variada de shows e feijoada ao som de chorinho. Após seu fechamento em 1995, Toninho ainda manteve as quartas-feiras para praticar sua guitarra ao lado de músicos mineiros e inúmeros convidados internacionais que queriam conhecer a terra que produzia um som tão original e inovador.

O músico sempre valorizou iniciativas culturais: “Uma vez fui a Itabira, onde tinha uns meninos falando de Drummond, uma meia dúzia de adolescentes falando sobre a poesia. Resolvi fazer uma trilha sonora de graça pra eles representarem, porque vale a pena investir na coisa verdadeira.”

 

A cantora Alaíde Costa fez com Toninho o álbum Alegria é Guardada em Cofres, Catedrais (gravado em 2012 e lançado em 2015), para homenagear os 40 anos do original Clube da Esquina.

O guitarrista/cantor está escrevendo há décadas a obra Livrão da Música Brasileira, compêndio com 700 partituras e 700 verbetes sobre trabalhos da maioria dos compositores brasileiros. O mineiro ainda integra a antologia Progressions – 100 Years of Jazz, como um dos guitarristas mais influentes do mundo do jazz.





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