Erasmo Carlos

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Erasmo Esteves, mais conhecido como Erasmo Carlos, é um cantor, compositor, multi-instrumentista e escritor nascido no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1941.

O rock n’ roll aportou no Brasil no final dos anos 1950, com vários artistas gravando versões em inglês e em português, como Cauby Peixoto, Tony e Celly Campelo. Dessa turma surgiram The Sputniks, banda de Tim Maia e Roberto Carlos e, mais tarde, apareceram The Snakes, formada por Erasmo Carlos e amigos. Desse “caldo” surgiria a dupla de compositores Roberto e Erasmo que se aproximaram devido a afinidades em comum, entre elas Elvis Presley e Bossa Nova.

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Em 1965, foram convidados – com Wanderléa – para fazer o programa Jovem Guarda, um “tapa-buraco” nas tardes de domingo devido à proibição da transmissão de jogos de futebol pela TV. Foi um sucesso já na estreia, apresentando versões das novidades musicais da Inglaterra, EUA, França e Itália, além de composições inspiradas no estilo. Os maiores hits de Erasmo nessa fase foram O Tremendão, Gatinha Manhosa, Festa de Arromba e Vem Quente que Eu Estou Fervendo.

A turma da Jovem Guarda era criticada por cantar rock e tocar guitarra – uma inimiga da música brasileira na época. A maioria dos artistas da MPB e da Bossa Nova dizia que a música que eles faziam era muito pobre, cópia mal feita de americano e ainda eram alienados. Erasmo nunca aceitou os ataques, sempre defendeu seu trabalho e dos colegas, comprando briga até com quem ele tinha admiração. Somente os artistas da Tropicália os viram como uma influência necessária para reformular a tradicional música brasileira tão afeita ao Bolero e outras ondas românticas e dançantes vindas de fora.

A amizade entre Erasmo e Roberto foi abalada devido a fofocas de revistas, ficando meses sem se falarem. Mas um dia Roberto ligou e disse: “Aí, cara, nada a ver a gente ficar sem conversar, eu te perdôo. Aliás, eu tô terminando um disco e falta só uma música pra colocar a letra e não tô conseguindo; será que você não quebra esse galho pra mim, é o tipo de música que você faz a letra em dez minutos!” (Roberto quase sempre perdoava os outros, mesmo quando ele estava errado).

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Com o término da Jovem Guarda, em 1968, Erasmo ficou meio sem rumo, mas ainda compôs dois de seus maiores sucessos, Sentado à Beira do Caminho e Coqueiro Verde, o primeiro samba-rock gravado por ele. Afinal, também sofrera influências da Bossa Nova, de Jorge Ben(Jor) e Wilson Simonal.

O disco Erasmo Carlos e os Tremendões, de 1969, traz canções de outros compositores, como a já antiga  Aquarela do Brasil, de Ary Barroso – que está no filme Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa, onde o trio cabeça da Jovem Guarda cai na aventura, num enredo que incluía samurais e mistérios fenícios.

Influenciado pela cultura hippie e pelo soul, lança Carlos, Erasmo em 1971. O disco, que abre com De Noite na Cama, escrita por Caetano Veloso, traz um polêmica ode à maconha. O existencialismo prossegue em seus outros LPs: Sonhos e Memórias, Projeto Salva Terra e Banda dos Contentes. Pelas Esquinas de Ipanema, seu álbum de 1978, inclui uma canção que denuncia o descaso do homem com a natureza: Panorama Ecológico.

Ao lado de Chico Buarque, Erasmo foi o artista que mais cantou o amor à mulher independente e de vontades próprias, tratando-a de igual para igual e exaltando valores que a sociedade não reconhecia e até repudiava.

Erasmo Convida é um projeto pioneiro de 1980, com 12 canções interpretadas em dueto com artistas como Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa, Wanderléa, A Cor do Som, As Frenéticas, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge Ben(Jor), Caetano Veloso e Roberto Carlos.

No ano seguinte, o álbum Mulher tem uma grande repercussão com as músicas Mulher – escrita com sua companheira, Narinha –, Pega na Mentira e Feminino Coração de Deus (de Sérgio Sampaio); depois ele lançou Amar Pra Viver ou Morrer de Amor (1982).

Em 1989, saiu o álbum ao vivo Sou uma Criança, com participações de Leo Jaime e dos grupos Kid Abelha e João Penca e Seus Miquinhos Amestrados.

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Em 1995, ele voltou a ter destaque nas comemorações dos trinta anos da Jovem Guarda, que rendeu discos e shows. Somente em 2001 ele voltaria a lançar um disco novo, Pra Falar de Amor, que traz colaborações de Kiko Zambianchi, Marcelo Camelo, Marisa Monte e Carlinhos Brown. Em 2004, saiu Santa Música, com destaque para a faixa Tim, em homenagem a Tim Maia.

Em 2007, Erasmo Convida – Volume II apresenta novos encontros, agora com Adriana Calcanhotto, Lulu Santos, Simone, Marisa Monte, Milton Nascimento e as bandas Skank e Los Hermanos. Pelas parcerias que fez durante a vida, dá pra perceber o quanto seu trabalho foi abrangente e o quanto ele ainda é amado.

Em junho de 2009, quando completou 68 anos, Erasmo fez pela sua gravadora Coqueiro Verde o CD Rock ‘n’ Roll, uma homenagem ao gênero que mais o influenciou. No mesmo ano publicou a autobiografia Minha Fama de Mal pela Editora Objetiva, e que vai virar um filme.

Em 2011, lançou o álbum Sexo e, em 2014, saiu Gigante Gentil, seu terceiro disco consecutivo só com músicas inéditas – que venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro.

Em maio de 2014, Erasmo perdeu seu filho Alexandre, também cantor e compositor, num acidente de moto; nem por isso abandonou seus compromissos e shows agendados.



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