Slade
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Slade é uma banda britânica de Walsall/Wolverhampton. Foram inicialmente um grupo de rhythm and blues, sob o nome The ‘N Betweens e, mais tarde, de folk rock como Ambrose Slade. Tornaram-se bastante populares no início da década de 1970, adotando o estilo glam rock, também chamado de glitter – marcado por performances e trajes com purpurina, salto alto, pinturas, batom e acessórios elétricos, esbanjando energia sexual. Porém, o som podia ser hard rock com altas doses de metal.
Na década de 1970, de acordo com o The Guinness Book of British Hit Singles and Albums, foi a banda que mais liderou os charts do Reino Unido, tendo colocado 17 singles no top vinte em apenas três anos (1971–1974), seis deles em primeiro lugar.
Slade foi a banda mais bizarra do glam rock britânico, que se vestia diferente, cantava diferente, escrevia diferente, fazia todas as diferenças num cenário dominado por grupos mais definidos em proposta, como Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin. Seus shows costumavam enlouquecer a plateia de tal modo que já era rotina terem de arcar com os prejuízos das cadeiras arrancadas e despedaçadas nos teatros.
Noddy Holder, compositor, guitarrista e a pioneira “voz de gralha” do rock pauleira. Ele vestia ternos xadrez, gravatas gigantes, suspensórios, cartolas e chapéus de todos os tipos. Sua voz poderosa deixou marcas profundas nas duas melhores performances da banda registradas nos álbuns Alive I de 1972 e Slayed de 1973.
Dave Hill, guitarrista de solos simples e curtos, mas constantes. Ostentava uma franja atípica, numa cabeleira lisa e muitas vezes enfeitada com purpurina. Dono de uma performance com danças desajeitadas e alegria contagiante.
Don Powell, o baterista mais adequado ao som diversificado da banda. Centrado durante as apresentações e mascando chiclete o tempo todo.
Jim Lea, compositor e o baixista mais nervoso do rock. Tinha, além de uma formidável habilidade, a capacidade de fazer o chão tremer com a marcação frenética que fazia com os pés.
O Slade quebrou recordes e barreiras sociais. Agredia nos microfones, nas roupas e até mesmo na grafia incorreta, presente nos títulos das canções, uma afronta que chegou a gerar protestos de professores britânicos.
Em 1974, lançaram o álbum Old New Borrowed and Blue e o filme Slade in Flame, que conta a trajetória de uma banda e seus desafios para atingir o sucesso. Em 1977, fizeram o álbum Whatever Happened to Slade, para muitos, o melhor deles.
No final dos anos 1970 saiu Alive Vol. 2 e, quando já estavam praticamente esquecidos, foram convidados pelo ilustre fã, Ozzy Osbourne, para substituí-lo no Festival de Reading, em 1980. Quase 100 mil metaleiros não se conformaram em saber que Ozzy seria substituído por uma esquecida e suposta banda pop. O Slade entrou em cena recepcionado por vaias e objetos que eram lançados ao palco, mas logo o público foi rendido pela fúria avassaladora do grupo. O “estrago” que fizeram, desbancando Ian Gillan (Deep Purple), Iron Maiden, Whitesnacke, Def Leppard, UFO, Samson, Krokus e outras feras, é citado até hoje pelos entendidos como uma das mais brilhantes apresentações que uma banda já fez. Aliás, apenas o Slade e posteriormente o Motörhead conseguiu juntar roqueiros, carecas e moicanos num mesmo show sem que ocorressem brigas.
Com o “terremoto” em Reading, algumas bandas americanas como o Twisted Sister e o Mötley Crüe – que imitaram o estilo Slade – foram catapultadas ao sucesso nos EUA. E o Quiet Riot explodiria nas paradas em 1984 com uma versão de Cum’on Feel the Noize. Em 1981, o Slade lançou o álbum Till Deaf do Us Part, com pitadas de distorções heavy, em seguida, saiu On Stage, o terceiro ao vivo.
Mais três álbuns completaram a discografia: The Amazing Kamikaze Sindrome, que conseguiu trazê-los de volta às paradas com o hino My Oh My. Em 1985, lançaram Rogues Gallery com faixas dançantes e efeitos de sintetizador, em seguida veio You Boyz Make Big Noize. Em 1991, estavam novamente entre os melhores do Reino Unido com o single Radio Wall of Sound. Noddy e Jim encerraram suas atividades em 1993, e Dave e Don continuaram, agora como Slade II, com outros integrantes.
No auge de sua carreira, o grupo teve como concorrentes conceituados grupos como Nazareth, Sweet, Gary Glitter, T. Rex, Alice Cooper e Queen. Diversos artistas de gêneros como punk, grunge e glam metal já mencionaram ter Slade como influência, incluindo Ramones, Sex Pistols, Poison, The Smashing Pumpkins e Oasis.
As botas de cano alto e a cara pintada de Dave Hill foram adotadas pelo Kiss, a dança sincronizada que a dupla Dave e Jim fazia, seria imitada posteriormente pelos músicos do Scorpions. O som pesado, furioso e de voz rasgada criou um estilo presente em dezenas de bandas que vieram depois, incluindo AC/DC.
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